terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Mensagem de Natal do Bispo Diocesano - Dom Josafá Menezes da Silva


Como não posso celebrar em todas as igrejas, não me é permitido poder estar em todas as casas e não poderei participar da ceia com os meus diocesanos, aproveito dos meios de comunicação que temos para desejar a todos Feliz Natal e Boas Festas! 
As comunidades, os grupos, os movimentos e associações estão concluindo a novena do Natal. Andando pelas cidades e povoados, vi os cartazes do Natal em Família espelhados. Sinal que as famílias e comunidades refletiram e rezaram, preparando mais uma vez o Natal. 
As ruas, as praças, as casas e as igrejas resplandecem de luzes e ornamentos natalinos. Os presentes simbolizam a nossa natural inclinação para a doação e fraternidade.  Tudo muito bonito, todos os detalhes importantes, porque efetivamente é festa! Mas, o que torna o Natal um evento único e especial?
Desde aquela noite em Belém, quando o Filho de Deus nasceu na manjedoura, uma linha vertical foi traçada, unindo a pobreza extrema do presépio à riqueza do céu. Deus assume, assim, todas as situações de pobreza. O povo que andava nas trevas, viu uma grande luz, diz o profeta Isaias.  Nascendo entre os animais, inicia um itinerário de vida todo voltado para as realidades mais carentes de salvação.  Começa pelos lugares abandonados e pelas pessoas esquecidas. Opta preferencialmente pelos pobres, material e espiritualmente. Nesse sentindo, quem necessita de salvação sente um alívio do Natal, um refúgio no Deus pequenino.
São Lucas, quando narra o nascimento de Jesus, faz uma referência histórica importante: o domínio de César Augusto. A Palestina e toda área do Mar Mediterâneo estavam submetidas ao poder de Roma. Em todos os tempos, o poder político quis ter dados precisos sobre os seus súditos com o objetivo de taxar os bens. Para declarar os bens, José e Maria foram para Belém.  As populações subjugadas, muitas vezes, se levantaram contra o recenseamento. Sob o poder romano as condições eram opressoras e injustas.  
Entendemos a colocação de Lucas em seu Evangelho: ‘Hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura. De repente juntou-se ao anjo uma multidão da corte celeste. Cantavam louvores a Deus, dizendo: glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados’”.
Se existe um faraó, surge um Moisés, o libertador.
Mas uma coisa é muito estranha, e até, contraditória: um salvador sem palácio, sem trono. Também os homens daqueles tempos tinham sempre pensado: só quem é forte pode impor a paz e trazer a justiça.  
Com o Natal, Deus reafirma que são falsas todas estas certezas dos homens. “Deus escolheu o que no mundo é débil para confundir os fortes” (1 Cor 1,27).
Senhor, tu poderias ter nascido em Roma, no palácio imperial, como filho dos mais poderosos da terra! Muitos imaginaram assim e tinham razão. Mas se assim acontecesse, terias dito “sim” ao que os homens tinham sempre pensado e feito. Nada de novo aconteceria na face da terra, nenhuma idéia nova, nenhuma decisão justa, nenhum projeto que contemplasse “todos os povos”. Certamente, os pobres e abandonados não seriam contemplados! 
O resultado do Natal é que Deus está no mundo, no presépio. Depois estará no lugar da fuga, na carpintaria de Nazaré, no deserto, nas ruas empoeiradas da Palestina, com os famintos e os doentes, na cruz e no sepulcro. Deus foi enviado aos prisioneiros, aos famintos, aos doentes, aos nus, os desesperados. Esta é grande alegria. Deus mandou um salvador.
Em qualquer lugar estará o Salvador! É o Deus conosco, o Emanuel!  
Ao mundo duro, violento, transtornado por tantos egoísmos contrastantes, o mais normal seria que Deus se revelasse como um soberano, um juiz severo, que viesse infligir os castigos merecidos. Deus, ao contrário, revela o seu amor gratuito e generoso, dando ao mundo o seu único Filho. E isso através da doçura de um menino indefeso. A atitude fundamental de um menino é estender a mão. Se algo é capaz de vencer o homem, a sua arrogância, a sua violência, é o modo indefeso do menino. 
A sua luz penetra com doçura nos corações, infundindo confiança, força e alegria.
Aconteça tudo isso neste Natal. Sejam dias de ceia, de encontro com as famílias e comunidades. Felicidades! Bom Natal! Belíssimas festas! Muita alegria e bênçãos!
Dom Josafá Menezes da Silva
Bispo Diocesano.

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