Por:
Daniel Luiz
Estamos
diante de transformações que atingem todos os setores da vida humana, de modo
que já não vivemos uma ‘época de mudança, mas uma mudança de época’. (DGAE,
2011, n° 19, p. 32). Esta é a teia social/cultural que o padre está inserido.
Um tempo forte de mudanças de época, em que tudo que é sólido, todos os
valores, virtudes são relativizados e postos à prova para serem diluídos.
Tempos de transformações tão
radicais, de fato, desestabilizam, desnorteiam, desorientam o homem, mas ao
mesmo tempo são capazes de lançar esse mesmo homem para frente a descobrir
novos horizontes e ser capaz de refazer e redescobrir novos caminhos. Mudanças
de épocas pedem um tipo específico de comportamento, são tempos propícios para
voltar às fontes e buscar os aspectos centrais da fé e dos valores humanos e
eternos (cf. DGAE, 2011, nº 24, p. 35).
É com o
olhar em todas essas realidades, nas luzes e sombras, alegrias e tristezas,
vida e morte, valores e desvalores que o padre deve atuar, mas, sobretudo, ele
deve “conhecer bem a realidade para assumi-la e transformá-la à luz do
evangelhos” (DFPI, 2010, nº 13, p. 21), pois a mudança de época não tem a
última palavra sobre o homem e o meio que o cerca, há uma Palavra mais potente,
há uma Palavra que indica o Caminho, que estabelece a Verdade e que dá a Vida.
Há uma Palavra que é capaz de acalmar a tempestade da vida (cf. Mc 4, 35-41): o
Cristo. Portanto, a partir d’Ele o padre é capaz de conhecer-se e conhecer a
potência (do Espírito) que emana de seu Ministério a favor do mundo e do ser
humano.
Muito
tem se falado da espiritualidade do padre diocesano, sobretudo, num contexto
complexo em que o presbítero vive nesta atual sociedade. Em uma sociedade que
preza pelo individualismo, pelo isolamento e o risco que se tem de transformar
o ministério em um pragmatismo.
Falar
do presbitério como um espaço litúrgico e, nele encontrar elementos sólidos
para calcar a espiritualidade do padre diocesano é uma forma de salvar o
presbítero de um contexto que tende a se opor ao real sentido do Cristo quando
quis constituir o grupo dos doze: formar o coração e a mente dos seus com
valores Eternos capazes de iluminar toda a vida.
O
presbitério é um lugar que salva o padre diocesano de um contexto que tem o
homem como centro de si mesmo, do protagonismo, sobretudo, olhando para a Mesa
da Palavra e da Eucaristia o conteúdo essencial que nutre a vida espiritual do
presbítero. É no exercício cotidiano do ministério que se alimenta, robustece e
cresce na espiritualidade. O padre diocesano é chamado a ver no exercício do
seu ministério o que é próprio de sua espiritualidade.
Assim, gostaria de afirmar que o
padre tem sim uma espiritualidade que lhe é própria; que não precisa adaptar a
espiritualidade de outrem. E que olhando para o seu existir e para o seu
chamado, a ser homem de Deus, para uma pequena porção do povo de Deus como
Sacerdote, ali no seu ofício diário, encontra fundamento e conteúdo seguro de
sua espiritualidade presbiteral.
Nesta perspectiva o fulcro da
espiritualidade do padre diocesano encontra-se na ars celebrandi, onde o presbítero deixando-se cuidar pela Palavra
ele também é nutrido pela mesma, que aproximando-se da Eucaristia vai se
criando em seu ser uma estatura de Cristo e, por sua vez, toca, pelo seu
ofício, o Mistério Pascal.
Sim, o presbítero eterniza neste
tempo as ações de Cristo no exercício sacramental do seu ministério.
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