quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Espiritualidade do Padre diocesano “nas marcas de nosso tempo”



Por: Daniel Luiz

Estamos diante de transformações que atingem todos os setores da vida humana, de modo que já não vivemos uma ‘época de mudança, mas uma mudança de época’. (DGAE, 2011, n° 19, p. 32). Esta é a teia social/cultural que o padre está inserido. Um tempo forte de mudanças de época, em que tudo que é sólido, todos os valores, virtudes são relativizados e postos à prova para serem diluídos.
            Tempos de transformações tão radicais, de fato, desestabilizam, desnorteiam, desorientam o homem, mas ao mesmo tempo são capazes de lançar esse mesmo homem para frente a descobrir novos horizontes e ser capaz de refazer e redescobrir novos caminhos. Mudanças de épocas pedem um tipo específico de comportamento, são tempos propícios para voltar às fontes e buscar os aspectos centrais da fé e dos valores humanos e eternos (cf. DGAE, 2011, nº 24, p. 35).
É com o olhar em todas essas realidades, nas luzes e sombras, alegrias e tristezas, vida e morte, valores e desvalores que o padre deve atuar, mas, sobretudo, ele deve “conhecer bem a realidade para assumi-la e transformá-la à luz do evangelhos” (DFPI, 2010, nº 13, p. 21), pois a mudança de época não tem a última palavra sobre o homem e o meio que o cerca, há uma Palavra mais potente, há uma Palavra que indica o Caminho, que estabelece a Verdade e que dá a Vida. Há uma Palavra que é capaz de acalmar a tempestade da vida (cf. Mc 4, 35-41): o Cristo. Portanto, a partir d’Ele o padre é capaz de conhecer-se e conhecer a potência (do Espírito) que emana de seu Ministério a favor do mundo e do ser humano.
Muito tem se falado da espiritualidade do padre diocesano, sobretudo, num contexto complexo em que o presbítero vive nesta atual sociedade. Em uma sociedade que preza pelo individualismo, pelo isolamento e o risco que se tem de transformar o ministério em um pragmatismo.
Falar do presbitério como um espaço litúrgico e, nele encontrar elementos sólidos para calcar a espiritualidade do padre diocesano é uma forma de salvar o presbítero de um contexto que tende a se opor ao real sentido do Cristo quando quis constituir o grupo dos doze: formar o coração e a mente dos seus com valores Eternos capazes de iluminar toda a vida.
O presbitério é um lugar que salva o padre diocesano de um contexto que tem o homem como centro de si mesmo, do protagonismo, sobretudo, olhando para a Mesa da Palavra e da Eucaristia o conteúdo essencial que nutre a vida espiritual do presbítero. É no exercício cotidiano do ministério que se alimenta, robustece e cresce na espiritualidade. O padre diocesano é chamado a ver no exercício do seu ministério o que é próprio de sua espiritualidade.
            Assim, gostaria de afirmar que o padre tem sim uma espiritualidade que lhe é própria; que não precisa adaptar a espiritualidade de outrem. E que olhando para o seu existir e para o seu chamado, a ser homem de Deus, para uma pequena porção do povo de Deus como Sacerdote, ali no seu ofício diário, encontra fundamento e conteúdo seguro de sua espiritualidade presbiteral.
            Nesta perspectiva o fulcro da espiritualidade do padre diocesano encontra-se na ars celebrandi, onde o presbítero deixando-se cuidar pela Palavra ele também é nutrido pela mesma, que aproximando-se da Eucaristia vai se criando em seu ser uma estatura de Cristo e, por sua vez, toca, pelo seu ofício, o Mistério Pascal.
            Sim, o presbítero eterniza neste tempo as ações de Cristo no exercício sacramental do seu ministério.

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