quinta-feira, 1 de setembro de 2011

LECTIO DIVINA, Domingo, 04 de setembro de 2011, 23º Domingo do Tempo Comum – Ciclo A

A tua palavra é lâmpada para guiar os meus passos, é luz que ilumina o meu caminho 
(Salmo 119. 105)



TEXTO BÍBLICO: Mateus 18.15-20

O irmão que peca
15Se o seu irmão pecar contra você, vá e mostre-lhe o seu erro. Mas faça isso em particular, só entre vocês dois. Se essa pessoa ouvir o seu conselho, então você ganhou de volta o seu irmão. 16Mas, se não ouvir, leve com você uma ou duas pessoas, para fazer o que mandam as Escrituras Sagradas. Elas dizem: “Qualquer acusação precisa ser confirmada pela palavra de pelo menos duas testemunhas.” 17Mas, se a pessoa que pecou não ouvir essas pessoas, então conte tudo à igreja. E, se ela não ouvir a igreja, trate-a como um pagão ou como um cobrador de impostos.
O poder de permitir e de proibir
18— Eu afirmo a vocês que isto é verdade: o que vocês proibirem na terra será proibido no céu, e o que permitirem na terra será permitido no céu.
19— E afirmo a vocês que isto também é verdade: todas as vezes que dois de vocês que estão na terra pedirem a mesma coisa em oração, isso será feito pelo meu Pai, que está no céu. 20Porque, onde dois ou três estão juntos em meu nome, eu estou ali com eles.
Nova Tradução na Linguagem de hoje (NTLH)

1. LEITURA

Que diz o texto?
Pistas para leitura
Olá, Lectionautas!
Chegamos à liturgia do vigésimo terceiro Domingo do Tempo Comum, e nesta ocasião, tal como nos domingos anteriores, continuamos a estudar o Evangelho de São Mateus. Invoquemos a presença do Espírito de Deus para esta Lectio Divina, e creiamos em sua presença em meio a nós, visto que Ele nos disse: “Porque, onde dois ou três estão juntos em meu nome, eu estou ali com eles” (Mt 18.20).
Perdoar é importante
O perdão é uma das provas de amor mais profundas ensinadas por Jesus, para aqueles que decidiram ser seus discípulos.
O próprio Jesus dar-lhes-á um grande exemplo de perdão quando, estando na cruz, perdoa àqueles que o estão crucificando.
Neste texto, Jesus convida seus discípulos a ir em busca daqueles que caíram em ocasião de pecado e lhes causaram algum dano com a ação incorreta que praticaram.
Devemos observar vários detalhes que Jesus menciona para chegar a estas pessoas. Em primeiro lugar, Jesus diz: faça isso em particular, só entre vocês dois.
Jesus pede àquele que foi ofendido por seu irmão que fique a sós com seu ofensor; deve agir assim a fim de que o pecado deste não seja divulgado a todo o mundo, de modo que ele mesmo não será motivo de escândalo, e se desejar corrigir-se, não será apontado imediatamente por todos, devido a seu passado. E que verdadeiramente importa é: se essa pessoa ouvir o seu conselho, então você ganhou de volta o seu irmão. O termo ganhar era aplicado pelos rabinos à conversão obtida mediante a missão.
Mais adiante, diz Jesus: Mas, se não ouvir, leve com você uma ou duas pessoas, para fazer o que mandam as Escrituras Sagradas. Elas dizem: “Qualquer acusação precisa ser confirmada pela palavra de pelo menos duas testemunhas”.
Esta passagem aparece também no Deuteronômio 19,15. O pecador poderia estar cego por causa de seu pecado, e isto não lhe permitiria aceitar sua culpa tão rapidamente; por isso, Jesus agora envia o ofendido com um ou dois de seus seguidores. Age assim com o objetivo de que haja várias testemunhas do momento em que o ofensor foi chamado ao arrependimento da parte daquele a quem ele mesmo ofendeu.
É provável que a embriaguez do pecado em que se encontra o ofensor não lhe permita aceitar seu erro, nem sequer diante de outros que vieram chamá-lo a juízo. Por esta razão, Jesus diz-lhes: Mas, se a pessoa que pecou não ouvir essas pessoas, então conte tudo à igreja.
Devemos compreender que quando Jesus se refere à igreja está falando da comunidade com seus pastores, os quais devem ser os encarregados de fazer a correção daqueles que cometem erros.
Muitas vezes, porém, aquele que se enganou, não obstante tenha sido advertido por parte de muitos, não quer reconhecer seu erro; por isso, Jesus dirá: E, se ela não ouvir a igreja, trate-a como um pagão ou como um cobrador de impostos.
Aqui, Jesus está propondo que a pessoa que não aceita a Igreja está automaticamente “excomungada”, e não por decisão da Igreja, mas por um ato pessoal de não aceitação. É um passo drástico que deve ser dado quando está em perigo o bem-estar da comunidade.
É importante observar que a primeira solicitude de Jesus é que aquele que é ofendido vá em busca de seu irmão e o ajude a emendar-se. O texto não diz que vá em busca dele e o repreenda, acuse-o, julgue-o, castigue-o; ao contrário, que busque fazer com que ele se emende para voltar a ganhar seu amigo. Por exemplo, Jesus recebia os publicanos quando mostravam seu arrependimento.
Devemos agora observar como Jesus trata de chamar a juízo o pecador por meio de seus irmãos ao dizer: Eu afirmo a vocês que isto é verdade: o que vocês proibirem na terra será proibido no céu, e o que permitirem na terra será permitido no céu.
Em outras versões, coloca-se o verbo ligar, que significa que Deus está de acordo. No entanto, a ideia central desta parte é a oração em comunidade. Com estas palavras, Jesus quer que os discípulos entendam que está nas mãos deles a missão de buscar o arrependimento dos que se equivocaram; sob nenhuma hipótese a missão é julgar os irmãos; ao contrário, é ajudá-los a buscar o perdão do Senhor a partir de sua vida terrena, para que este perdão também seja obtido no céu.
Jesus também convida os discípulos à unidade e, por sua vez, dá uma nova oportunidade ao pecador para que obtenha a graça quando diz: E afirmo a vocês que isto também é verdade: todas as vezes que dois de vocês que estão na terra pedirem a mesma coisa em oração, isso será feito pelo meu Pai, que está no céu.
Este é outro caminho de ajuda ao ofensor que não quis aceitar sua culpa e receber a misericórdia de Deus. Este caminho, porém, depende dos demais, não depende dele mesmo, mas depende do desejo de seus irmãos de interceder por ele diante do Pai.
Contudo, esta ajuda está, em primeiro lugar, nas mãos daqueles que se unem em oração por seu irmão aprisionado na culpa do pecado e do estado de Graça em que estes vivem.
Observamos como Jesus ensina também a seus discípulos a orar por aqueles que lhes fizeram o mal, pelos mesmos que os decepcionaram: isto deveras será visto como uma virtude perante os olhos de Deus.
Jesus conclui com uma frase muito reconfortadora e de muita esperança para os discípulos, quando diz: Porque, onde dois ou três estão juntos em meu nome, eu estou ali com eles.
Com isto, Jesus convida os discípulos a que qualquer ação que eles realizem seja em nome do Senhor. E refere-se a isso neste texto, visto que, no momento em que os discípulos visitam seu irmão, para que este se emende, devem reunir-se em nome de Deus; portanto, o que eles levarão para diante de seu irmão será a presença de Jesus; desta forma, este chamado ao arrependimento sairá da boca de Jesus Cristo, que estará com eles nesse momento.
Convidamos você a ler todo o capítulo 18 do Evangelho de Mateus, a fim de compreender melhor a maneira pela qual Jesus nos convida a perdoar a nossos irmãos.
Para levar em consideração: Na Lei de Moisés, é necessário duas testemunhas para um julgamento, sempre. Jesus pede, pois, que, partindo da lei, chegue-se à toda a comunidade como testemunha.
Outros textos bíblicos a serem comparados: Lc 17.3; Dt 19.15; Mt 16.19
Para continuar o aprofundamento destes temas, pode-se consultar A Bíblia de Estudo NTLH, o verbete: Perdão.
Perguntas para a leitura
  • O que acontecerá com aquele que se equivocou mas reconhece seu erro, quando alguém fala com ele?
  • O que se deve fazer quando, depois de ter falado com um irmão que se equivocou, este não der atenção?
  • O que diz a Bíblia quando um dos seguidores de Jesus se enganou e depois de alguém ter-lhe falado, ele não levou em conta?
  • Como devem ser tratados aqueles que não fazem caso de seus irmãos, nem da igreja, quando alguém lhes fala e eles não escutam ninguém?
  • O que acontece no céu com as coisas que se proíbem e com as coisas que se permitem aqui na terra, quando são em nome do Senhor?
  • O que acontecerá quando duas ou mais pessoas concordarem em pedir algo a Deus aqui na terra?
  • O que acontece quando os discípulos se reúnem em nome do Senhor?

2 – MEDITAÇÃO

O que me diz? O que nos diz?
Perguntas para a meditação
Perante este texto tão importante, devo perguntar-me:
  • Tenho sido capaz de ir em busca de algum irmão que me tenha ofendido de alguma maneira, a fim de oferecer-lhe de novo minha amizade?
  • Tenho procurado fazer com que algum de meus irmãos que se equivocaram se encontrem com a misericórdia e com o perdão de Deus?
  • Esforço-me permanentemente para que nenhum de meus irmãos se afastem da Graça de Deus?
  • Minha missão, dentro da Igreja, é ajudar outros a se encontrarem com o perdão de Deus?
  • Sou capaz de perdoar e de esquecer o dano que me fez algum de meus irmãos, a ponto de buscá-lo para preservar a união da Igreja?
  • Meus irmãos de grupo apostólico e eu somos capazes de orar por aqueles que se distanciaram de Deus, causaram-nos algum prejuízo ou simplesmente não são capazes de buscar a Graça de Deus?
  • A missão que o Senhor me confiou, realizo-a em nome de Jesus Cristo ou executo esta tarefa em meu nome e no de outros?
  • Em cada uma de minhas reuniões com meus irmãos, estou convencido de que Jesus está em meio a nós?
  • Quando me aproximo do banquete Eucarístico, estou convencido de que Jesus está no seio de minha comunidade?
  • Quando meus irmãos se aproximaram para corrigir-me, fui capaz de aceitar a correção fraterna deles?

3 – ORAÇÃO

O que lhe digo? O que lhe dizemos?
A oração é a resposta que damos a Deus que se nos manifesta por primeiro.
Senhor, hoje, compreendi que o amor que recebi de ti deve levar-me a amar meus irmãos como tu me amas.
Pai, tu que és Pai de toda a humanidade, obrigado por seres meu Pai.
Quero santificar teu nome em minhas ações, com meu testemunho de amor, com meu testemunho de perdão.
Queremos participar de teu Reino de amor, teu reino de perdão; que tenhamos sempre a disposição de buscá-lo.
Pedimos-te, Senhor, que se faça tua vontade em nossas vidas; que possamos agir, a cada dia, para honrar teu nome.
Dá-nos o de que necessitamos para viver cada dia; que nunca queiramos mais do que o necessário; que possamos deixar de lado a vaidade, o orgulho e a soberba que não nos deixam perdoar.
Perdoa, Senhor, as vezes que te ofendi, as vezes que ofendi meus irmãos, as vezes que ofendi a mim mesmo, porque de igual modo, Senhor, desejo perdoar aqueles que alguma vez me causaram dano, e desejo que eles se encontrem de novo em paz comigo, mas, sobretudo, contigo, Senhor.
Ajuda-me, Senhor, a não cair na tentação do orgulho, e assim poder amar a meus irmãos a ponto de lutar para que todos possam chegar a ti, Senhor.
Dá-me um coração como o teu, Senhor, que saiba amar, perdoar e estar cheio da Graça do amor. Amém.

4 – CONTEMPLAÇÃO

Como interiorizo a mensagem? Como interiorizamos a mensagem?
A passagem para a contemplação é o momento da Lectio Divina em que aprofundamos a mensagem de Jesus de modo que esta impregne nosso coração. Para este momento, convidamos você a proclamar o salmo 51 (50), no qual Davi, depois da visita do profeta Natã, após seu pecado com Bate-Seba, invoca a misericórdia e o perdão de Deus.

51 Arrependimento e perdão
Salmo de Davi. Ao regente do coro. Escrito depois que o profeta Natã falou com Davi a respeito do pecado que este havia cometido com Bate-Seba.
1Por causa do teu amor, ó Deus, tem misericórdia de mim.
Por causa da tua grande compaixão
apaga os meus pecados.
2Purifica-me de todas as minhas maldades
e lava-me do meu pecado.
3Pois eu conheço bem os meus erros,
e o meu pecado está sempre diante de mim.
4Contra ti eu pequei — somente contra ti —
e fiz o que detestas.
Tu tens razão quando me julgas
e estás certo quando me condenas.
5De fato, tenho sido mau desde que nasci;
tenho sido pecador desde o dia em que fui concebido.
6O que tu queres é um coração sincero;
enche o meu coração com a tua sabedoria.
7Tira de mim o meu pecado, e ficarei limpo;
lava-me, e ficarei mais branco do que a neve.
8Faze-me ouvir outra vez os sons de alegria e de felicidade;
e, ainda que tenhas me esmagado e quebrado,
eu serei feliz de novo.
9Não olhes para os meus pecados
e apaga todas as minhas maldades.
10 Ó Deus, cria em mim um coração puro
e dá-me uma vontade nova e firme!
11Não me expulses da tua presença,
nem tires de mim o teu santo Espírito.
12Dá-me novamente a alegria da tua salvação
e conserva em mim o desejo de ser obediente.
13Então ensinarei aos desobedientes as tuas leis,
e eles voltarão a ti.
14 Ó Deus, meu Salvador, livra-me da morte,
e com alegria eu anunciarei a tua salvação!
15 Ó Senhor, põe as palavras certas na minha boca,
e eu te louvarei!
16Tu não queres que eu te ofereça sacrifícios;
tu não gostas que animais sejam queimados como oferta a ti.
17 Ó Deus, o meu sacrifício é um espírito humilde;
tu não rejeitar·s um coração humilde e arrependido.
18 Deus, com a tua bondade, ajuda Jerusalém
e constrói de novo as suas muralhas!
19Então terás prazer em receber os sacrifícios certos
e os animais que são totalmente queimados.
E touros novos serão oferecidos no teu altar.

5 – AÇÃO

A que me comprometo? A que nos comprometemos?
Propostas pessoais
Procure algum irmão que o tenha ofendido alguma vez ou a quem você tenha ofendido, e busque reconciliar-se com ele.
Propostas comunitárias
Preparar um momento de correção fraterna com seus irmãos de comunidade, a fim de ajudar os que estão cometendo alguma falta que precisa ser corrigida. Lembre-se de que somos chamados a ajudar, não a julgar nem a castigar nossos irmãos.

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