quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Crise na Igreja? A resposta é a evangelização

Dom Odilo Pedro Scherer
Cardeal Arcebispo de São Paulo

A cruz da Jornada Mundial da Juventude passou por diversos lugares de nossa Arquidiocese durante 5 dias, na semana passada. Foram manifestações bonitas na sua acolhida, desde o Campo de Marte à Catedral da Sé, nas “vias dolorosas” da “Cracolândia”, nos lugares de humilhação da pessoa humana, entre os pobres da Favela do Moinho, na igreja da boa Morte e no Marco Zero da Praça da Sé, no Santuário de S.Judas, entre os estudantes, padres, religiosos e professores da Faculdade de Teologia, no Ipiranga; ainda entre os pobres e o “povo da rua” no Arsenal da Esperança e, finalmente, na igreja de Santana, entre crianças, adolescentes e jovens dos colégios e o povo todo, com suas manifestações tocantes de fé. Foi bonito!
Agora a cruz e o ícone de N.Senhora já peregrinam pelas dioceses da área metropolitana de São Paulo; o Cristo Missionário e Nossa Senhora da Visitação passam e vão ao encontro de jovens e não jovens! Muitos acolhem, com alegria, outros ficam indiferentes; outros, talvez, desprezam... Já foi assim no tempo de Jesus, na Galileia, Samaria e Judéia... Mesmo assim, ele veio para todos e vai semeando a Boa Nova, não se importando que caiam sementes no asfalto, entre espinhos ou em terreno pedregoso... Muitas outras caem em terreno bom e produzirão fruto. Graças a Deus!
Para todos os batizados, seus discípulos missionários, seus amigos e membros de seu corpo, que é a Igreja, este tempo é de renovação de nosso compromisso com a obra do Evangelho. Muito já se falou e se continua a falar de crise na Igreja. No Documento de Aparecida, fala-se dos fatores de crise e mudança, que marcam nossa época; e o Papa Bento XVI não se cansa de conclamar a toda a Igreja para uma nova evangelização.
Os números de levantamentos e pesquisas vão mostrando que diminui a adesão à religião tradicional e à Igreja. Há, sim, muita religiosidade e oferta de benefícios religiosos, como parte do mercado consumista, mas não como busca e anúncio de Deus e de seu Reino; o nome de Deus tornou-se uma espécie de “marca” para produtos, capazes de satisfazer desejos e de gerar muito lucro. “Não tomar o santo nome de Deus em vão”, já é advertência antiga da Lei de Deus! Há muita religiosidade individualista, sem conversão nem obediência a Deus, onde não é Deus e seu Reino que estão no centro, mas o homem, com seus desejos e projetos pessoais. Fruto da cultura individualista e consumista do nosso tempo. Será que Deus aprova isso?
Diante desse estado de coisas, qual é a solução? Entrar em pânico? Apelar para soluções mágicas? Apontar para culpados? Relacionar tudo com alguma questão interna da Igreja, como o celibato do clero, a pretendida ordenação sacerdotal de mulheres, a liberação do aborto, a aprovação do divórcio ou das uniões homossexuais pela Igreja, como se nisso estivesse a explicação para o distanciamento da Igreja e da religião? São lugares comuns e recursos fáceis para análises superficiais... Ainda mais, quando vemos que a questão não diz respeito somente à Igreja Católica. Outros grupos cristãos e não-cristãos estão enfrentando a mesmas dificuldades, e até bem mais sérias, do que a Igreja Católica. Deveria a Igreja esconder o Evangelho para contar com a simpatia das pessoas? Já dizia São Paulo que alguns pretendem esconder a cruz de Cristo, para tornar o Evangelho simpático... Pode haver Cristo sem cruz? Evangelho, sem a via dolorosa?
Coragem, Povo de Deus! Jovens, olhem para a cruz de Jesus! Enraizados e edificados em Cristo, fiquemos firmes na fé! Muitos já foram os momentos difíceis enfrentados pela Igreja ao longo de 2 mil anos. E a resposta não foi o desânimo, mas uma renovada aproximação de Cristo e de seu Evangelho; e um renovado amor também pela Igreja, com uma verdadeira conversão – “conversão pastoral e missionária” -, como se pede no Documento de Aparecida. A resposta à crise é evangelizar de novo e com nova consciência de que somos todos servidores de uma obra que não é nossa, mas de Cristo e de Deus. Coragem, portanto! Ele nunca abandona a obra de seu amor!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O ASSUNTO É VOCAÇÃO


A palavra vocação (etimologicamente) deriva do verbo latino VOCARE que significa "chamar". É a tradução do termo "vocatione" que quer dizer chamado, apelo, convite.
Na raiz está "vox", "vocis","voz". Vocação quer dizer chamado.
A vocação (teologicamente) é o chamado de Deus dirigido a toda pessoa humana, seja em particular, seja em grupo, em vista da realização de uma missão ou serviço em favor da comunidade. Vocação é o chamado do Pai por meio de Jesus Cristo na força dinamizadora do Espírito Santo.
- Vocação é o chamado de Deus que tem como finalidade a realização plena da pessoa humana.
- É um gesto gracioso de Deus que visa a plena humanização do Homem.
- É dom, é graça, é eleição cuidadosa, visando a construção do Reino de Deus.
- É um chamado para fazer algo, para cumprir uma missão.
- Toda pessoa é vocacionada, é eleita por Deus.
- Deus elege por causa de alguns (comunidade) e esta eleição se manifesta no nosso dia a dia. A mensagem do Evangelho à um convite contínuo a seguir Jesus Cristo: Vem e segue-me.
(Mt 9,9 ; Mc 8,34; Lc 18,22; Jo 8,12).
Vem-chamado: é um convite pessoal dirigido por Deus a uma pessoa.
Segue-me - Missão: é o seguimento da prática de Jesus.
É uma iniciativa gratuita, proposta que parte de Deus (dimensão teológica). Impulso interior de cada pessoa onde conscientemente responde ao plano de amor de Deus (dimensão antropológica).
Como Deus chama?
- Pessoalmente e pelo nome.
- Pelos valores que nos atraem.
- Pela Comunidade.
- Pelas necessidades da Igreja e do mundo.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

LECTIO DIVINA, Domingo, 25 de setembro de 2011, 26º Domingo do Tempo Comum – Ciclo A.

 

TEXTO BÍBLICO: Mateus 21.28-32

1. LEITURA 

Que diz o texto? - Pistas para leitura

A liturgia deste domingo, assim como aquela do domingo passado, apresenta-nos um tema sobre a Vinha. O vinhedo, ou vinha, é o lugar, normalmente cercado onde se cultivam as plantas da videira, donde se colhem as uvas e do suco destas se faz o vinho. Embora estas plantas deem fruto uma vez por ano, o trabalho de cuidar de um vinhedo ocupa todas as estações, porque exige muita atenção.
Jesus começa seu discurso dizendo aos sumos sacerdotes: — E o que é que vocês acham disto?
O pai da parábola com o qual ele começa a narração é o “dono da vinha” (fórmula que aparece com bastante frequência na Bíblia), que chama seus dois filhos para que vão trabalhar em seu campo. Um diz que não mas, a seguir, pensando melhor, decide ir trabalhar; o outro diz que sim mas, em seguida, dado que lhe veio a preguiça, não foi trabalhar. Desta maneira, Jesus está respondendo também aos sumos sacerdotes que lhe haviam perguntado sobre sua autoridade.
O tema em questão é muito claro: trata-se de fazer ou não fazer a vontade de Deus, o Pai, que não somente é o dono da vinha mas, antes de mais nada, “Pai”. Por conseguinte, ao pedir que vão para a vinha, não está mandando trabalhadores comuns, mas seus próprios filhos. Isto não é, pois, humilhante para eles, visto que, no final das contas, a vinha é a herança que receberão. A atitude de obediência que ele pede é a de filhos.
Recordemos que a obediência (escutar bem) leva à vida, ao passo que a desobediência conduz à morte. No entanto, nesta leitura, é importante lembrar as convenções sociais da época de Jesus. Quem agiu bem? Aquele que respondeu sim a seu Pai… Contudo, a pergunta de Jesus vai muito além daquilo que socialmente se desejava e, por isso, ele diz explicitamente no final: Qual deles fez o que o pai queria?
O que importa não são as aparências externas mas, ao contrário, o interior da pessoa. Aquele que honra a Deus não o faz por meio de rituais externos, mas dignificando sua vontade e de coração. Pode até ter dito não mas, por fim, “converte-se” e muda, então, de conduta e atende ao que o Pai pediu.
Vemos aqui, com clareza, o que é uma “obediência fingida”, que talvez diz sim mas, no fundo do coração, diz não. A isso se chama hipocrisia. Conseguintemente, aquele que disse sim e não cometeu duplo delito: não somente por não ter trabalhado na vinha de seu pai, mas também por ter-lhe mentido, falseando a relação com seu pai.
Em contrapartida, o filho menor, posto que tenha dito que não queria ir, obedeceu tardiamente. Talvez amadureceu e venceu a si mesmo; “converteu-se” e, por isso, mesmo que tenha magoado seu pai por ter-lhe dito que não iria, esta dor será sanada com o fazer a vontade do pai.
No tempo de Jesus, a própria ortodoxia havia criado uma mentalidade centrada nas aparências. No entanto, Ele muda esta mentalidade, fazendo do interior do coração, não das aparências, a verdadeira atitude religiosa. O “filho verdadeiro” é aquele que pratica a justiça, fazendo o que o Pai quer. As relações autênticas estabelecem-se com o compromisso; as aparências de obediência (ou seja, palavras, apenas) não criam relações verdadeiras e genuínas com Deus, o Pai.
Jesus está condenando os formalismos que se fazem sem a sinceridade do coração. Contudo, isto não é algo próprio dos costumes na época de Jesus. O que ele condena é o formalismo dos sumos sacerdotes que o estavam interrogando. Eles haviam rechaçado João Batista e, agora, rejeitam Jesus. Unicamente por formalismos… Eles, que representam os “bons” da época, na verdade são os que dizem sim, mas não cumprem a vontade de Deus Pai. Em compensação, os “maus do momento”, representados pelos cobradores de impostos e pelas prostitutas, caso se convertam, conquistam a herança da Vinha do Senhor.
Para levar em consideração: O dono da Vinha é Deus Pai. Os filhos somos nós, que podemos ou não fazer a sua vontade.
Outros textos bíblicos a serem comparados: Ezequiel 18.25-28 (é a primeira leitura).
Perguntas para a leitura
  • Quem são os que perguntaram a Jesus sobre sua autoridade? (confira a passagem anterior).
  • O que possuía o Pai da parábola?
  • O que lhe disse o primeiro filho?
  • O que respondeu este filho ao ser chamado por seu pai?
  • Depois de reconsiderar, o que fez este filho?
  • O que disse o pai ao outro filho?
  • O que este lhe respondeu?
  • Qual foi a pergunta que Jesus fez aos sumos sacerdotes?
  • Na conclusão do texto, quem são as pessoas de má fama?
  • O que acontecerá se estas pessoas de má fama se converterem?

2 – MEDITAÇÃO

O que me diz? O que nos diz?
Perguntas para a meditação
  • Perante este texto tão importante, devo perguntar-me:
  • Quantas vezes coloquei o Senhor à prova?
  • Normalmente, quando compreendo que há um chamado do Senhor e da Igreja, como respondo? Digo sim imediatamente? E em seguida… as circunstâncias me impedem de responder verdadeiramente?
  • Sou capaz de repensar quando minha intolerância ou minhas irritações me fazem dizer que não? Consigo, pois, pedir desculpas e refazer as coisas segundo a vontade de Deus?
  • Quais são as coisas em que mais me custa cumprir a vontade de Deus?
  • O que poderia fazer para mudar de atitude?
  • Que significam os formalismos religiosos em minha vida? Em que momentos sou um formalista? Posso melhorar?
  • O Senhor pede-me conversão. Sou capaz de assumi-la?

3 – ORAÇÃO

O que lhe digo? O que lhe dizemos?
A oração é a resposta que damos a Deus que se nos manifesta por primeiro.
Senhor, coloco-me em tua presença primeiramente para agradecer-te. Tua Palavra Eterna reflete minha vida como um espelho. Aqui é onde me vejo: refletido em tua Palavra. Muitas vezes sou como aquele filho que disse sim, mas não foi. E isto me dói interiormente.
Ajuda-me, Senhor, a sair dos formalismos quando são fingimentos da verdade. Ajuda-me a ser sincero comigo mesmo e com os demais.
Em determinados momentos, também, sou como o outro filho, que disse não mas, a seguir, foi para a vinha. Quero que me dês a atitude sadia e correta de responder-te com toda a liberdade que sim, que desejo fazer a tua vontade, tanto expressando este desejo quanto fazendo-a verdadeiramente.
Permite que eu tenha um coração disposto a mudar, que minhas atitudes de fechamento em meus vícios e pecados me levem a entender como estou mal e como necessito de tua salvação e de teu perdão.
Obrigado, Senhor, por ajudar-me a crescer mais no conhecimento interior e a cumprir tua vontade. Faze com que meu coração diga sempre:
“SENHOR, EM TUA VONTADE ENCONTRO A PAZ”.

4 – CONTEMPLAÇÃO

Como interiorizo a mensagem? Como interiorizamos a mensagem?
Este texto, presente somente no evangelho de Mateus, deve levar-nos a uma autocompreensão maior de nossa condição de cristão. Deste modo, é importante refletir e continuar a voltear em torno das ideias principais que nascem do texto.
Convidamos você a buscar a ideia principal que Deus lhe oferece neste texto, a fim de que você continue a repeti-la várias vezes em sua vida.
Ensina-me, Senhor, a cumprir tua vontade.
Não quero ser falso e dizer sim, quando, na verdade, não faço o que me pedes.
Que não seja um cristão de ritualismos, mas de coração.
Ensina-me, Senhor, teus caminhos.
Dá-me a graça de poder converter-me a Ti.

5 – AÇÃO

A que me comprometo? A que nos comprometemos?
Propostas pessoais
  • Revisar as atitudes internas de ritualismos vazios que cultivo. Pedir perdão a Deus e àqueles a quem quero impressionar, dizendo-lhes que, às vezes, ajo por formalidade e para que me observem, muito mais do que para agradar a Deus.
Propostas comunitárias
  • Fazer uma lista das coisas que fazemos sem profundidade, e propor-nos fazer a vontade do Senhor.
  • Ir em busca de pessoas que talvez sejam menos agradáveis aos olhos do mundo, e apresentar-lhes a Boa Nova. Ser missionários de Jesus, para que todos possam converter-se ao Evangelho da vida.

Juventude será tema da CF 2013

 
Durante a reunião do Conselho Episcopal de Pastoral (Consep), foi definido o tema da Campanha da Fraternidade 2013. Tendo em vista a realização da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro neste mesmo ano, os prelados optaram por um tema que estivesse diretamente ligado aos jovens.

Com isso, a Campanha da Fraternidade terá como tema: "Fraternidade e Juventude" e o lema escolhido é: "Eis-me aqui, envia-me" (Is 6-8). Essa não será a primeira vez que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) coloca o público juvenil como protagonista da campanha. Em 1992, um ano após a segunda visita do Papa João Paulo II ao Brasil - que tinha uma ligação muito próxima com os jovens - o tema escolhido para a campanha foi: "Juventude - caminho aberto".

O Setor Juventude da CNBB elaborou um documento pedindo para que todas as pastorais, movimentos, congregações religiosas, novas comunidades, entre outros, somem forças para solicitar aos bispos brasileiros, a aprovação da proposta. Segundo informações do órgão, 300 mil assinaturas já foram recolhidas, graças a mobilização dos jovens em todo o país.

Concorreram com o tema outros assuntos, como por exemplo, a mobilidade humana, o tráfico de pessoas e o trabalho escravo. Porém, não receberam votos suficientes para a escolha.

A escolha é feita com dois anos de antecedência. Em 2012 a campanha abordará a "Fraternidade e Saúde Pública".


Brasília (Quinta-feira, 22-09-2011, Gaudium Press)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

São Desidério celebra tradição do Divino



  
A manhã de terça-feira, 20, foi especial para a população de São Desidério. Na data foram realizados os festejos do Divino Espírito Santo que teve como imperador o pequeno Leonardo Vinícios.
   Os preparativos para a festa deste ano começaram ainda no ano passado, mais precisamente no dia 20 de setembro  de 2010, quando Leonardo foi sorteado para o cargo. Desde então a família do garoto e os devotos do Divino iniciaram os trabalhos de organização para esta que é uma das tradições mais antigas do município.
    Moradores mais idosos da cidade lembram que esta manifestação é secular e que a data fixa é consequência da peregrinação dos primeiros padres que celebravam missas uma vez por ano na localidade. Oficialmente o Divino ou Pentecostes, é comemorado 50 dias após a Páscoa.
    Para a mãe de Leonardo todo o esforço foi recompensado ao sentir que sua fé está ainda mais viva. “Este momento é único, um sentimento de profundo amor a Deus e ao Divino”, disse Maria Augusta Câmara que agradeceu a participação e o apoio de toda a comunidade.
    Durante a missa solene, foram sorteados os novos responsáveis pelos festejos de 2012. A corte do Divino será liderada pelo imperador  Nerito Carvalho que  por coincidência é o secretário municipal de Cultura de  São Desidério e um dos incentivadores da tradição. Ele recebeu a coroa das mãos de Leonardo.
    “Para mim este é um momento especial de pura alegria, daremos continuidade a essa belíssima tradição”, comentou o novo imperador. A partir de agora recomeça o processo que culmina na festa, colher donativos, levar a bandeira às casas do município, realizar a pegada do mastro e atualizar a lista de interessados para os cargos de 2013.

Texto e Foto: Jackeline Bispo

Fiéis homenageiam padroeira de São Desidério


   Sob o teto do galpão onde está sendo edificada a sede da nova igreja matriz, milhares de fiéis participaram da missa solene na noite desta segunda-feira, 19, dia em que são rendidas homenagens a padroeira de São Desidério, Nossa Senhora Aparecida. Apresentações e fogos de artifício marcaram o ato religioso que foi concluído com a escolha de juízes - pessoas responsáveis pela organização do festejo no próximo ano, e da procissão pelas principais ruas da cidade.
    Marcionil Aquino de Souza, 65, nasceu em São Desidério e desde 1977 mora em Goiânia. Todos os anos ele participa dos festejos religiosos. “É tudo muito lindo, a preparação e as pessoas que se dedicam com tanta fé e alegria a esta festa da padroeira. Por isso gosto de retornar todos os anos para participar”.

Pela primeira vez o bispo diocesano Josafá Menezes participou. “É com grande satisfação que celebro pela primeira vez esse festejo nesta terra abençoada, rodeada pela devoção a Nossa Senhora, e celebrar a eucaristia para falar de nossa Mãe e compreender nossa autêntica vocação de cristãos”. Após a missa uma multidão acompanhou o bingo para concorrer a cinco prêmios em prol da construção da nova igreja.

História - Celebrada em data diferente da oficial comemorada em todo o país – dia 12 de outubro – em São Desidério a comemoração a Nossa Senhora Aparecida tem história e tradição, próprias.
    Contam os mais antigos em meados do século XX apenas um padre atendia às diversas localidades da região. Para contornar as distâncias e chegar aos vilarejos ele andava meses a pé ou montado no lombo de animais. Assim, as missas eram realizadas apenas uma vez ao ano em cada localidade. Em São Desidério costumeiramente aconteciam dias 19 de setembro em homenagem a padroeira Nossa Senhora Aparecida. Tudo isso, antes da emancipação do município, ocorrida em 22 de fevereiro de 1962.
    Naquela época, após as missas a população iniciava as festas para comemorar os batizados, casamentos e, saudar os santos. Sanfonas, triângulos e zabumbas animavam os fiéis. Com o passar do tempo e a confirmação de São Desidério como município, a tradição se tornou parte do calendário da cidade.

Texto Ana Lúcia Souza | Foto Jackeline Bispo

domingo, 18 de setembro de 2011

JMJ Rio 2013, site oficial!

 
Site Oficial da JMJ Rio já está no ar!
Dom Orani tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro,  foi quem deu o anúncio no Bote Fé que acontece neste domingo na Cidade Paulistana, primeira arquidiocese a receber a cruz da JMJ no Brasil.
No site você encontrará toda a cobertura da cruz peregrina da JMJ em todas as dioceses do território nacional.
É um canal de comunicação entre os jovens e a equipe de organização, um canal interativo, um espaço para os internautas brasileiros e de todo o mundo, já que o site será traduzido em diversas línguas.
Jovens brasileiros e de todas as nações serão motivados a enviarem material sobre a JMJ. Esta interação fará com que o internauta alimente o site enviando vídeos, fotos, textos com temática jovem.
O site comporta ainda dicas de passeios turísticos pela cidade maravilhosa que sediará a JMJ.
No www.jmjrio2013.com há também um espaço para inscrições de voluntariado e hospedagens. Tudo paraque haja uma organização prévia.
Um dos objetivos é dar a conhecer a cultura brasileira, a diversidade regional presente num país que é quase um continente, por isso tão rico na sua pluralidade. No site conheceremos a face do jovem que estará presente na JMJ.

LECTIO DIVINA, Domingo, 18 de setembro de 2011, 25º Domingo do Tempo Comum – Ciclo A.

TEXTO BÍBLICO: Mateus 20.1-16 

 

 

1. LEITURA

Que diz o texto?
Pistas para leitura
Olá, Lectionautas!
Chegamos ao vigésimo quinto Domingo do Tempo Comum. Hoje, o evangelista Mateus apresenta-nos um dos ensinamentos mais importantes para aqueles discípulos que decidiram dedicar-se a servir na Vinha do Senhor. Vejamos até onde nos conduzem estes versículos sagrados.
No relato dos trabalhadores da Vinha, Jesus dirige-se a seus discípulos com a intenção de que estes compreendam que o prêmio que os espera pelo trabalho realizado será igual para todos.
Podemos observar uma coisa muito importante: o dono da Vinha é quem sai em busca dos trabalhadores para sua vinha; não usa intermediários: ele mesmo vai à procura das pessoas que ele quer que trabalhem em sua vinha.
Podemos dizer, pois, que é Deus quem sai em busca dos discípulos de que necessita para construir seu Reino de amor aqui na terra.
Oura coisa importante é que observemos como o dono sai em horas diferentes do dia, à procura de seus trabalhadores; não chama a todos de uma só vez, mas os vai chamando de acordo com as necessidades que vão surgindo ao longo da jornada de trabalho.
De igual modo, acontece com os discípulos que Deus vai escolhendo aqui na terra, a fim de que se ocupem de suas coisas: chama a cada um com um propósito específico e em um momento determinado de sua vida. Podemos corroborar isto com o Antigo Testamento, estudando um pouco a maneira pela qual Deus foi chamando pessoas para que se tornassem profetas, ou até reis de seu povo. Isto acontece em todas as diversas etapas da história da salvação.
Observemos também como o salário que o dono da vinha oferece aos trabalhadores é igual para todos, não importa se alguém começou a trabalhar mais cedo do que os demais: este ganhará o que o dono lhe prometeu pagar. Podemos comparar este salário com a promessa de ganhar a vida eterna para aqueles que se decidirem trabalhar pelo Reino de Deus aqui na terra. Também poderíamos dizer que se assemelha ao amor que Deus tem para com todos, visto que, sem levar em conta a hora do encontro com Jesus, o amor é igual para todos.
Devemos observar como, no final da jornada, o dono chama os trabalhadores para dar a cada um o que havia prometido pagar-lhes. Vejamos como narra o texto: “Os homens que começaram a trabalhar às cinco horas da tarde receberam uma moeda de prata cada um. Então os primeiros que tinham sido contratados pensaram que iam receber mais; porém eles também receberam uma moeda de prata cada um”.
Diante de tal situação, os trabalhadores que haviam trabalhado mais tempo sentiram-se incomodados por não terem ganhado mais do que os trabalhadores que começaram a trabalhar mais tarde. Aqui é onde o dono da vinha lhes diz: “Escute, amigo! Eu não fui injusto com você. Você não concordou em trabalhar o dia todo por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora. Pois eu quero dar a este homem, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? Ou você está com inveja somente porque fui bom para ele?”
trabalhadoresVinhaPagA inveja do trabalhador que trabalhou mais é que o motiva a enraivecer-se com o dono da vinha, sem compreender ainda que obterá o que lhe fora prometido, e que cabe ao dono da vinha decidir o que fazer com seu dinheiro.
É importante que possamos compreender que, deste modo, Jesus ensina a seus discípulos a dedicar-se a realizar seu trabalho sem preocupar-se com o trabalho que os demais levam a cabo. Afinal, no momento mesmo em que o Senhor os chamar para ver como desempenham a missão, tudo dependerá deles próprios e do que tiverem feito, e não do trabalho dos demais.
Ao finalizar a narração, Jesus faz referência a uma frase muito interessante para todos. Vejamos: “E Jesus terminou, dizendo: ‘Assim, aqueles que são os primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros’”.
Esta frase resume parte do ensinamento que Jesus deixa aos seus discípulos. Lembremos que já em outra ocasião, os discípulos estavam preocupados com quem seria o primeiro dentre eles, quem seriam os que poderiam ocupar os lugares próximos de Jesus, e por este motivo, contou-lhes esta parábola.
Com esta frase, Jesus procura ensinar, por sua vez, que muitos dos que agora se creem os primeiros, aos olhos de Deus (como no caso dos judeus) seriam os que ocupariam os últimos lugares no Reino de Deus, visto que somente os humildes de coração e aqueles capazes de aceitar a boa nova da salvação ocuparão os primeiros postos no céu; e se refere aos últimos como os que se arrependem e se convertem em pessoas novas.
Para finalizar, devemos ter consciência de que Jesus oferece seu amor por igual a todos, tanto para aquele que o encontrou primeiro como para o que o encontrou por último. O mor de Deus é igual para todos.
Para levar em consideração: Os que aparecem como chamados à primeira hora representam os judeus, que são os beneficiários da aliança feita por Deus com Abraão.
Outros textos bíblicos a serem comparados: Mt 21,28.33; Tob 5, 15; Lv 19.13; Dt 24.15
Perguntas para a leitura
  • Qual é o motivo da saída do dono da vinha cedo de manhã?
  • Qual o acordo que o dono da vinha fez com os trabalhadores?
  • Quanto o dono da vinha promete pagar aos trabalhadores?
  • Quanto receberam os trabalhadores que trabalharam todo o dia?
  • Quanto receberam os trabalhadores que apenas trabalharam algumas horas?
  • Por que os trabalhadores que haviam trabalhado durante todo o dia se aborreceram?
  • O que disse o dono da vinha aos trabalhadores incomodados?
  • Qual é a frase com a qual Jesus conclui esta parábola?

2 – MEDITAÇÃO

O que me diz? O que nos diz?
Perguntas para a meditação
  • Perante este texto tão importante, devo perguntar-me:
  • Quando Jesus me chama a trabalhar em sua vinha, sou capaz de trabalhar as jornadas inteiras?
  • Sou capaz de aceitar a missão que Jesus me confia e cumpri-la de maneira eficiente?
  • Se Jesus me chamasse para dar-me o salário que mereço, qual seria o salário que me pagaria, graças a meu trabalho na edificação de seu Reino aqui na terra?
  • Considero-me melhor do que os demais por conhecer um pouco de Jesus, ou creio que todos nós merecemos igual amor por parte de Jesus?
  • Estou consciente de que o amor de Jesus é igual para todos?
  • Sou merecedor da recompensa que Jesus me prometeu por meu trabalho, ou devo esforçar-me mais?
  • Creio que todos nós merecemos a salvação de maneira semelhante e, além disso, deixo que seja Jesus aquele que dá a cada um o que merece, ou me sinto com o poder de julgar e ser aquele que decide dar a cada um o que merece?

3 – ORAÇÃO

O que lhe digo? O que lhe dizemos?
A oração é a resposta que damos a Deus que se nos manifesta por primeiro.
Senhor, tu és o farol que vai iluminando minha vida através de tuas palavras. Hoje compreendi que teu amor não conhece limites e que não importa em que momento de nossas vidas tenhamos te conhecido, visto que tens amor igual para com todos.
Obrigado, Senhor, porque tu, embora vejas nosso passado e nossos pecados anteriores, amas de igual maneira ao pobre e ao rico, ao branco e ao moreno, ao pecador e ao arrependido.
Obrigado, Senhor, por doar-te de modo igual a todos; obrigado por estares aí, mesmo quando não estamos contigo.
Peço-te, Senhor, que eu seja um instrumento a fim de que os outros, tal como eu, conheçam teu amor.
Peço-te, Senhor, que nunca afastes de nós teu amor, e que nós, igualmente, jamais nos separemos de ti.
Dá-nos confiança, Senhor, para amar-te e deixar-nos amar por ti, e para que, unidos sempre à tua palavra, demos frutos para mudar o mundo.
Amém.

4 – CONTEMPLAÇÃO

Como interiorizo a mensagem? Como interiorizamos a mensagem?
O momento da contemplação eleva-nos ao grau da Lectio Divina onde as palavras de Jesus penetram em nosso interior e se apoderam de nós. Repitamos estas palavras várias vezes, para que nos unamos a elas a ponto de que seja Cristo a habitar em nós.
Tu és sempre justo, Senhor.
Tua justiça está ligada a teu infinito amor.
Faze-me justo como tu, Senhor.
Ensina-me a amar como tu amas, Senhor.
Que ao repetir estas frases ao longo desta semana, aprendamos a amar como Jesus ama. Que aprendamos a ser justos e a dar-nos por igual a todos aqueles que necessitam de nosso amor.

5 – AÇÃO

A que me comprometo? A que nos comprometemos?
Propostas pessoais 
Busque uma pessoa que ainda não conheça a boa nova de Jesus, explique-lhe as Escrituras e ajude-a a encontrar-se com o amor de Deus.
Propostas comunitárias 
Preparar uma saída em grupo, por um bairro ou comunidade, a fim de buscar a todos aqueles que estão distantes e para os quais ainda não chegou a hora de Jesus sair ao encontro deles; que seja seu grupo a representar o próprio Cristo que sai em busca de novos diaristas para trabalhar na vinha do Senhor.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Castidade não é para anjos


A castidade não é para anjos, é para nós que queremos viver o caminho do Senhor. Existem meios, maneiras, para você conseguir essa graça. A busca pela santidade será até o fim da vida, nunca estaremos prontos.

O termo “castidade”, no Catecismo da Igreja Católica, é a integração da sexualidade na pessoa. Só isso? Só, mas dentro dessa definição existe um mundo de descobertas. A sexualidade é mais do que um órgão genital. Escutamos muito sobre sexo, pornografia, libertinagem com o corpo... Hoje, homens e mulheres são vistos como objetos pela sociedade, pelas novelas, por exemplo. Isso vai contra a nossa natureza, pois viemos do amor e da bondade.

Precisamos escolher o caminho de Deus para encontrar a verdadeira felicidade. É feliz aquele que espera no Senhor! Só é feliz por completo aquele que vive intensamente, – mesmo que lutando, caindo e levantando –, em Deus. Apenas satisfazendo os nossos prazeres seremos infelizes. Você acha que sexo com vários parceiros fará de você uma pessoa feliz? Se pensa assim, está enganado. A castidade é uma porta aberta para nos conhecermos e ficarmos felizes com nós mesmos e com os outros. Você é amado por Deus, Ele quis você antes do seu pai e da sua mãe. Honre o Seu amor!

A castidade parte de viver o verdadeiro amor. Precisamos recuperar a beleza da criação. Depois de ter criado tudo na terra, Deus Pai viu que era bom que o homem tivesse uma mulher (cf. Gênesis 1, 25-31). O Senhor criou o homem e a mulher para se amarem e se respeitarem um ao outro, não para um se aproveitar do outro. A sexualidade vai muito além do que as novelas e a mídia passam. As coisas que se referem ao sexo não são erradas e impuras. Hoje eu quero que você saiba da importância da castidade, que saiba que é algo lindo que você pode viver!

No Catecismo da Igreja Católica, parágrafos 2341-2345, diz assim:

“A virtude da castidade é comandada pela virtude cardeal da temperança, que tem em vista fazer depender da razão as paixões e os apetites da sensibilidade humana. O domínio de si mesmo é um trabalho a longo prazo. Nunca deve ser considerado definitivamente adquirido. Supõe um esforço a ser retomado em todas as idades da vida. O esforço necessário pode ser mais intenso em certas épocas, por exemplo, quando se forma a personalidade, durante a infância e adolescência.

A castidade tem leis de crescimento. Este crescimento passa por graus, marcados pela imperfeição e, muitas vezes, pelo pecado. Dia a dia o homem virtuoso e casto se constrói por meio de opções numerosas e livres. Assim, ele conhece, ama e realiza o bem moral seguindo as etapas de um crescimento.

A castidade representa uma tarefa eminentemente pessoal. Mas implica também um esforço cultural, porque o homem desenvolve-se em todas as suas qualidades mediante a comunicação com os outros. A castidade supõe o respeito pelos direitos da pessoa, particularmente o de receber uma informação e uma educação que respeitem as dimensões morais e espirituais da vida humana.

A castidade é uma virtude moral. É também um dom de Deus, uma graça, um fruto da obra espiritual. O Espírito Santo concede o dom de imitar a pureza de Cristo àquele que foi regenerado pela água do Batismo”.

A sexualidade é boa, foi Deus quem a criou. O problema é a falta de equilíbrio em nós, é o pecado que a distorce. Precisamos viver o PHN ('Por Hoje Não' ao pecado) todos os dias, com a certeza de que o amor de Deus nos concederá a graça do equilíbrio e do amor a nós mesmos.

É preciso amar para amar os outros, a obra tem que começar em você!

Eliana Ribeiro
Missionária da Comunidade Canção Nova

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O Padre e o Crucificado


Jovens amigos,
            Quem é o Padre? O Padre é uma pessoa chamada a viver, a anunciar o Crucificado-Ressuscitado e é enviado a cuidar do crucificado na história de cada pessoa que encontra.
            O Padre é um homem escolhido de Deus a viver a inteireza desse Mistério. Esse Mistério que é gerado por Cristo no coração daqueles que são chamados a ser um Alter Christus. Sim, o Padre vive esse Mistério tão sublime e radiante no seguimento dos passos daquele que veio subir a Jerusalém e, do alto da Cruz, derramar o seu Amor sobre a humanidade inteira. O Padre ainda hoje continua a derramar-se por Amor daqueles a quem foi confiado, a pequena porção do povo de Deus.
            O Padre celebra também a cada dia esse Mistério na vida de seu povo. Ele contempla o Crucificado na vida do jovem que é chagado pela violência, pelas drogas, pelo álcool, pelos caminhos tortuosos da facilidade; ele contempla naqueles abandonados, marginalizados, nos leitos dos hospitais, nos presídios; nas mães que sofrem pela perda de seus filhos; nos pais marcados pelo peso do trabalho..., mas contempla o Ressuscitado na vida daqueles que, mesmo no sofrimento, tiveram forças de trilhar novos caminhos; nos jovens que redescobriram a beleza de viver; nos pais que souberam ser fieis na transmissão de virtudes e valores para os seus filhos.
            Assim é o Padre - o homem que vive também o seu calvário, que faz o percurso da Via Crucis, mas com o olhar na esperança e na fé no Crucificado, que tem a Palavra mais forte do que qualquer dor. O Crucificado faz ressuscitar.
            Jovens amigos, “é preciso que o Filho do Homem seja levantado” (Jo 3,14). Sim, o Filho do Homem, ainda hoje, precisa ser levantado na vida do vocacionado ao Sacerdócio, para que tantos “tenham a vida eterna”, para anunciar o Reino, lavar os pés, encontrar com Martas, Marias, Nicodemos, jovens ricos e, sobretudo, nos dar o Pão do Céu.
             “Não tenha medo de Cristo, Ele não nos tira nada”, diz o Papa Bento XVI. Amigos, não tenham medo de olhar o Crucificado-Ressuscitado e ouvi-lo chamando: “vem e segue-me”. Pois, “se eu a Cruz Amar, o que vou encontrar? Ó não, não encontrarei a dor, mas somente Deus Amor”. Só o Deus Amor!

Com os olhos no Crucificado/Ressuscitado,
Daniel Luiz
3º ano de Teologia 

III Semana Acadêmica: Metafisica - fundamentos e limites.
A necessidade do diálogo entre a filosofia e a mensagem cristã.

Para alguns, a fé é suficiente em si mesma para convencer e converter as pessoas da “boa-nova”. Para outros, faz-se necessária a utilização da filosofia para justificar racionalmente a fé cristã. Por milênios, a fé e a razão têm estado em conflito devido às imposições dogmáticas religiosas e ao orgulho do ceticismo científico, entretanto, já não é de agora que muitos têm trabalhado para trazer aos filhos de Deus a luz da necessidade da fé, mas usando a razão para fortalecê-la. A filosofia era vista por alguns padres da igreja como boa e que, portanto, deveria ser derivada do próprio Deus.
Entende-se que a filosofia exerceu um papel pedagógico, orientando os gentios para o cristianismo, ainda que inconsciente disso. Não possuindo nem a Lei (judaica), nem a fé, a verdade sobrevinha através da razão. Esta é uma forma indireta de Deus nos comunicar a verdade. Dessa forma, a filosofia seria útil para preparar a fé àqueles que ainda não a alcançaram e isto seria feito pela justificação racional dos dogmas cristãos. Além disso, a filosofia seria útil aos que já professam a fé, pois ajudaria na defesa argumentativa da fé contra aqueles que a ridicularizam.
A razão auxilia o homem metodicamente na descoberta dos mistérios. A fé o ampara quando não obtém respostas precisas a partir da experiência realizada. A fé e a razão, conciliadas, fazem do homem um ser realizado que pode melhorar a si e sua sociedade. Apartir desse ponto de vista, a razão não deve ir além dos limites estabelecidos pela fé. A razão é meramente uma auxiliar desta. A filosofia é a busca da sabedoria e somente a fé na verdade revelada pode nos atestar essa sabedoria. Portanto, e preciso fazer uma conciliação entre a fé e a razão, sendo a fé o critério de verdade, já que nela o Lógos se faz verdade total em Cristo. Desse modo, é preciso “crer para compreender”.

Comunicado apresentado pelo acadêmico Domingos de Souza Rodrigues, seminarista da Diocese de Barreiras.

Catequese do Papa: Deus presente no momento de angústia - 14 de setembro de 2011.

Apresentamos, a seguir, a catequese que o Papa Bento XVI dirigiu hoje aos fiéis reunidos para a audiência geral na Praça de São Pedro.

Queridos irmãos e irmãs:

Na catequese de hoje, eu gostaria de falar sobre um salmo de fortes implicações cristológicas, que continuamente aflora nos relatos da paixão de Jesus, com sua dupla dimensão de humilhação e de glória, de morte e de vida. É o salmo 22, segundo a tradição judaica, 21 segundo a tradição greco-latina, uma oração sincera e comovente, de uma densidade humana e uma riqueza teológica que o convertem em um dos salmos mais rezados e estudados de todo o Saltério. Trata-se de uma longa composição poética (nós nos deteremos em particular na primeira parte), concentrada no lamento, para aprofundar em algumas dimensões significativas da oração de súplica a Deus.

Este salmo apresenta a figura de um inocente perseguido e cercado por adversários que querem a sua morte; ele recorre a Deus, em um lamento doloroso que, na certeza da fé, se abre misteriosamente ao louvor. Em sua oração, a realidade angustiante do presente e a lembrança consoladora do passado se alternam, em uma sofrida tomada de consciência da própria situação desesperadora que não quer renunciar à esperança. Seu grito inicial é um chamado dirigido a Deus, que parece distante, que não responde e que parece tê-lo abandonado:

"Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?
E permaneceis longe de minhas súplicas e de meus gemidos?
Meu Deus, clamo de dia e não me respondeis;
imploro de noite e não me atendeis."(v. 2 y 3)

Deus se cala e este silêncio fere o ânimo do orante, que clama incessantemente, mas sem encontrar resposta. Os dias e as noites se sucedem na busca incansável de uma palavra, de uma ajuda que não chega; Deus parece muito distante, muito esquecido, muito ausente. A oração pede escuta e resposta, solicita um contato, busca uma relação que possa dar-lhe consolo e salvação. Mas, se Deus não responde, o grito de ajuda se perde no vazio e a solidão se torna algo insuportável. Além disso, o orante do nosso salmo chama o Senhor três vezes de "meu Deus", em um extremo ato de confiança e de fé. Não obstante as aparências, o salmista não pode acreditar que o vínculo com o Senhor tenha se rompido totalmente e, enquanto pede um porquê do suposto abandono incompreensível, afirma que o "seu" Deus não pode abandoná-lo.

Como se sabe, o grito inicial do salmo - "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?" - é citado nos evangelhos de Mateus e Marcos como o grito lançado por Jesus quando morre na cruz (cf. Mt 27,46; Mc15,34). Expressa toda a desolação do Messias, Filho de Deus, que está enfrentando o drama da morte, uma realidade totalmente contraposta ao Senhor da vida. Abandonado por quase todos os seus, traído e negado pelos seus discípulos, cercado pelos que o insultam, Jesus está sob o peso esmagador de uma missão de deve passar pela humilhação e pelo aniquilamento. Por isso, grita ao Pai e seu sofrimento assume as palavras dolentes do salmo. No entanto, o seu não é um grito desesperado, como foi o do salmista, que, em sua súplica, percorre um caminho atormentado que chega finalmente a uma perspectiva de louvor, na confiança da vitória divina. E já que, no costume judaico, citar o início de um salmo implicava em uma referência ao poema completo, a oração de Jesus agonizante, ainda que mantenha sua carga de sofrimento indizível, abre-se à certeza da glória. "Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?", dirá o Ressuscitado aos discípulos de Emaús (Lc 24,26). Na sua Paixão, em obediência ao Pai, o Senhor Jesus atravessa o abandono e a morte para alcançar a vida e dá-la a todos os crentes.

A este grito inicial de súplica, no nosso salmo 22-21, 
seguidamente, em uma dolorosa comparação, recorda o passado:
"Nossos pais puseram sua confiança em vós,
esperaram em vós e os livrastes.
A vós clamaram e foram salvos;
confiaram em vós e não foram confundidos"(v. 5 y 6).

Esse Deus, que hoje parece distante para o salmista, é o Senhor misericordioso que Israel experimentou sempre em sua história. O povo, ao qual pertence o orante, foi objeto do amor de Deus e pode testificar sua fidelidade. Começando pelos patriarcas, depois no Egito e na longa peregrinação no deserto, durante a permanência na terra prometida, no contato com povos agressivos e inimigos até a escuridão do exílio, toda a história bíblica foi uma história de petição de auxílio por parte do povo e de respostas salvíficas por parte de Deus. E o salmista faz referência à inquebrantável fé dos seus pais, que "confiaram" - este verbo se repete três vezes - sem jamais serem defraudados. Agora, no entanto, é como se essa corrente de invocações confiadas e respostas divinas tivesse se interrompido. A situação do salmista parece desmentir toda a história da salvação, tornando mais dolorosa a realidade presente.

Mas Deus não pode desmentir-se, e então a oração volta a descrever a penosa situação do orante, para fazer que o Senhor tenha piedade e intervenha, como havia feito sempre no passado. O salmista se define - "Eu, porém, sou um verme, não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe" (v.7) -, zombam dele, desprezam-no (cf. v. 8) e o ferem em sua própria fé: "Esperou no Senhor, pois que ele o livre, que o salve, se o ama" (v.9). Sob os golpes zombadores da ironia e do desprezo, parece que o perseguido perde suas conotações humanas, como o Servo Sofredor do livro de Isaías (cf. Is 52,14; 53,2b-3). Como o justo oprimido do livro da Sabedoria (cf. 2,12-20), como Jesus no Calvário (cf. Mt 27,39-43), o salmista vê como se põe em dúvida sua relação com o Senhor, a ênfase cruel e sarcástica dos que estão lhe fazendo sofrer: o silêncio de Deus, sua aparente ausência. No entanto, Deus está presente na existência do orante com uma proximidade e uma ternura inquestionáveis. O salmista recorda isso ao Senhor: "Sim, fostes vós que me tirastes das entranhas de minha mãe e, seguro, me fizestes repousar em seu seio. Eu vos fui entregue desde o meu nascer"(v. 10-11a). O Senhor é o Deus da vida, que faz nascer e acolhe o neonato, e cuida dele com afeto de um pai. E se antes se havia recordado a fidelidade de Deus na história do seu povo, agora o orante evoca sua própria história pessoal de relação com o Senhor, remontando-se ao momento particularmente importante do início da sua vida. E lá, não obstante a desolação do presente, o salmista reconhece uma proximidade e um amor divino tão radicais, que agora pode exclamar, em uma confissão cheia de fé e geradora de esperança: "Desde o ventre de minha mãe vós sois o meu Deus" (v.11b).

O lamento se converte agora em uma súplica comovente: "Não fiqueis longe de mim, pois estou atribulado; vinde para perto de mim, porque não há quem me ajude" (v.12). A úncia proximidade que o salmista percebe e que o aterroriza é a dos seus inimigos. Portanto, é necessário que Deus se torne próximo e que o socorra, porque os inimigos rodeiam o orante, cercam-no e são como touros poderosos,abrem suas fauces, como o leão que ruge e arrebata(cf. v. 13-14). A angústia altera a percepção do perigo, aumentando-o. Os adversários parecem invencíveis, converteram-se em animais ferozes e perigosíssimos, enquanto o salmista é como um pequeno verme, impotente, sem defesa alguma. Mas estas imagens, usadas no salmo, servem para dizer que, quando o homem é um ser brutal que agride seus irmãos, algo animal o possui, parece perder sua aparência humana; a violência tem algo de bestial e somente a intervenção salvadora de Deus pode restituir a humanidade ao homem. Agora, para o salmista, objeto de tão feroz agressão, parece que não há saída e que a morte começa a possuí-lo: "Derramo-me como água, todos os meus ossos se desconjuntam(.).Minha garganta está seca qual barro cozido, pega-se no paladar a minha língua (...). Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica" (v. 15.16.19).

Com imagens dramáticas, que encontramos nos relatos da Paixão de Cristo, descreve-se a descomposição do corpo do condenado, o calor insuportável que atormenta o moribundo e que encontra eco na petição de Jesus: "Tenho sede" (cf. Jn 19,28), até alcançar o gesto definitivo com que os torturadores, como os soldados sob a cruz, repartem as vestes da vítima, a quem consideram morta (cf. Mt 27,35; Mc 15,24; Lc 23,34; Jn 19,23-24).

E, novamente, a petição de socorro urgente: "Porém, vós, Senhor, não vos afasteis de mim; ó meu auxílio, bem depressa me ajudai. Salvai-me" (vv. 20.22a). Este é um grito que abre os céus, porque proclama uma fé, uma segurança que vai além de toda dúvida, de toda escuridão e de toda desolação. E o lamento se transforma, dá lugar ao louvor no acolhimento da salvação: "Anunciarei vosso nome a meus irmãos, e vos louvarei no meio da assembleia" (v.23). Assim, o salmo se abre à ação de graças, ao grande hino final do qual participa todo o povo, os fiéis do Senhor, a assembleia litúrgica, as gerações futuras (cf. v. 24-32). O Senhor veio em seu socorro, salvou o pobre e lhe mostrou o rosto da sua misericórdia. Morte e vida se cruzaram em um mistério inseparável do qual a vida saiu vitoriosa; o Deus da salvação se mostrou como Senhor indiscutível, diante do qual todos os confins da terra celebrarão e todas as famílias dos povos se prostrarão. É a vitória da fé, que pode transformar a morte em dom de vida, o abismo da dor em fonte de esperança.

Queridíssimos irmãos e irmãs, este salmo nos levou ao Gólgota, aos pés da cruz, para reviver sua paixão e compartilhar a alegria fecunda da ressurreição. Deixemo-nos invadir pela luz do mistério pascal e, como os discípulos de Emaús, aprendamos a discernir a verdadeira realidade, muito além das aparências, reconhecendo o caminho da exaltação na humilhação e a plena manifestação da vida na morte, na cruz. Assim, colocando novamente toda a nossa confiança e esperança em Deus Pai, no momento da angústia, poderemos rezar-lhe com fé também nós, e nosso grito de auxílio se transformará em cantos de louvor.


 Que a bênção de Deus desça sobre vós e vossas famílias!