sábado, 11 de fevereiro de 2012

DEUS É PAI

"Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta".
Jesus respondeu: Quem me vê, vê o Pai" (Jo 1,18).



Desde sempre se comunica conosco. A carta aos Hebreus nos diz que “muitas vezes e de modos diversos” ele tem nos falado. Ele multiplicou as palavras, pois nenhuma das que eram usadas exprimia todo o seu mistério. Mas depois ele falou uma só Palavra e disse tudo: Jesus Cristo é a única Palavra que exprime o mistério de Deus. Ele anuncia seu nome, o de Pai do Filho único. Por ter falado sempre, Deus não era desconhecido em Israel. Porém, Cristo revela algo desconcertante para aquele povo: Deus é Pai. Ele sempre deixou transparecer sua paternidade em Israel e no mundo. Ao enviar seu Filho, Deus confiou a missão aos apóstolos de anunciá-lo às nações. O testemunho apostólico refere-se a Jesus que, por sua vez, revela o Pai. A boa nova anunciada por Jesus consiste em dizer que Deus é Pai e nós podemos nos tornar filhos.

Na literatura cristã, o termo Deus é usado como sinônimo de Pai de Jesus e se refere também à primeira pessoa da Trindade, aquele que gera o Filho no Espírito Santo. Todas as vezes que dizemos que Cristo é Filho de Deus, estamos nos lembrando do Pai, de sua paternidade. Essa paternidade é característica peculiar de Deus, só ele é Pai por excelência. A tradição judaica tem uma grande reverência por Deus, por sua glória, a ponto de considerar uma blasfêmia o fato de Jesus o chamar de Pai. Mas é justamente essa a grande boa nova que Cristo trás, não só chamá-lo de Pai, mas ‘papaizinho’ (Abba Pai) e, ainda, dizer que podemos participar dessa relação filial, íntima e carinhosa. Podemos então dizer que o Deus Pai de Jesus Cristo, o Senhor de Israel, o Deus dos patriarcas, o Deus Criador é também pai dos fiéis, dos que acolhem a boa nova.

O evangelista João categoricamente afirma que “ninguém jamais viu Deus”, não significando que ele é desconhecido. Aliás, Cristo o torna conhecido com nunca antes havia acontecido. O Filho é o revelador do segredo de Deus pelo fato de ser gerado por ele no mundo. É por isso também que o Filho é “cheio de graça e da verdade”, é o dom de Deus, a graça em pessoa. O conhecimento do Pai, adquirido pelo Filho, é inseparável do dom da vida filial concedida por sua mediação. Quando Jesus diz que “manifestou o nome de Deus”, ele não se refere a um termo, mas à sua natureza, ao fato de ele ser Pai, “meu Pai”. Sua relação filial é tão profunda que ao final ele não só falou do Pai, mas o mostrou, quando disse: “quem me vê, vê meu Pai”. Jamais um judeu ousaria dizer e agir ao modo de Jesus. Suas palavras a atitudes suscitavam a curiosidade de saber quem ele é, enquanto Ele, sem receio, afirma ser o Filho de Deus.

Jesus vive por seu Pai que o gera. Ele vive pelo Pai, é chamado Filho de Deus. Assim ele mostra a paternidade essencial de Deus. Todos os homens que são pais são filhos. Deus não. Ele tem paternidade absoluta, é pai por excelência. Homem nenhum merece o título de pai, tal como é designado a Deus, pai de Jesus Cristo, já que em Deus a paternidade se identifica com o seu ser. O homem se torna pai, Deus é Pai. Ele é Pai pelo amor que tem ao Filho, pelo amor que o gera. Em consequência, nenhuma de suas ações está desvinculada de sua paternidade. Todas as suas obras trazem os traços de sua paternidade e, em decorrência disso, da filiação.

Goiânia, fevereiro de 2012.
Fonte: http://mariocsj.blogspot.com/

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