sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Lectio Divina, Domingo, 26 de fevereiro de 2012, 1º Domingo da Quaresma – Ano B

Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim (Gl 2.20)

TEXTO BÍBLICO: Marcos 1.12-15

 

A tentação de Jesus
12E logo o Espírito o impeliu para o deserto, 13onde permaneceu quarenta dias, sendo tentado por Satanás; estava com as feras, mas os anjos o serviam.Jesus volta para a Galileia 
14Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia, pregando o evangelho de Deus, s 15dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho
Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH)

1. LEITURA

Que diz o texto?
Pistas para leitura
Queridos jovens:
Como todos os anos, o primeiro Domingo do Tempo da Quaresma é dedicado a contemplar o mistério das “tentações” de Jesus. O relato aparece em Mt, Mc e Lc. O mais breve e conciso é o que nos toca este ano, no Ciclo B, o relato do evangelista Marcos. Em quatro versículos, sintetiza o que os outros evangelistas sinóticos desenvolvem em pouco mais de 11 (Mt) e em 13 (Lc) versículos.Considero que este ano, portanto, convém abordar o texto evangélico em sua totalidade, mais do que nos detalhes, dado que estes são mais reduzidos. Que afirmações podemos fazer, pois, sobre as tentações de Jesus?Em primeiro lugar, devemos levar em conta que a tentação não é um pecado. Jesus é Deus e, por conseguinte, não tem pecado; experimenta, em sua humanidade, a tentação, mas não sucumbe a ela. Há pessoas que confundem tentação e pecado. Isto é um erro. A tentação é perceber a ação de Satanás, que quer afastar do caminho de Deus, do bem e da verdade. O pecado é con-sentir, sucumbir à tentação…Em segundo lugar, devemos considerar que não é Deus quem tenta, mas sim, Satanás, o Diabo, o “pai da mentira”. Deus não tenta ninguém, visto que a tentação é causar o distanciamento de Deus e de seus desígnios. Por isso, que ninguém se confunda e pense ou diga que é tentado por Deus… A verdade é que Deus permite a “prova” ou a “cruz” em nossa vida. Isto é muito misterioso, e muitas vezes não se encontra explicação “racional” para a realidade da doença, das catástrofes, da morte e dos sofrimentos em geral. Contudo, se Deus permite a provação, não é para afastar-nos dele e de seus caminhos. Pelo ao contrário. Deus permite a prova em nossa vida para que sejamos fortalecidos em nosso caminho de fé…Em terceiro lugar, é preciso levar em conta que Jesus não foi somente tentado nesta ocasião particular que nos é relatada. Este texto é um momento prototípico das tentações de Jesus, que servem como modelo para a realidade de toda a sua vida. Muitas vezes e de diversas formas, ao longo de sua vida terrena, Jesus foi tentado por Satanás. De fato, no relato de Marcos, não nos é contado, como nos outros dois evangelhos sinóticos, quais foram as armadilhas de Satanás para afastar Jesus do caminho do Pai. Não conhecemos algumas das tentações do Senhor, visto que os evangelistas não puderam contar todos os acontecimentos da vida de Cristo, mas apenas alguns. Outras tentações aparecem nos textos evangélicos em mais de uma oportunidade: por exemplo, quando querem proclamá-lo rei, a partir de uma perspectiva terrena, social e política; quando querem que realize “milagres” segundo o gosto e a necessidade pontual de cada grupo e/ou pessoa; quando querem fazer com que baixe da cruz e demonstre que realmente é Deus etc.
Para levar em conta: O deserto tem, no Antigo Testamento e na literatura extrabíblica do povo da Antiga Aliança, uma simbologia multifacetada. Por um lado, é sinal do inóspito, difícil, “árido”, associado à falta de água e de vida. Por outro, é um lugar de encontro com Deus, pelo que comporta de busca do essencial, do mais importante. É o espaço da necessidade de purificação e de volta ao essencial que provoca no coração um lugar com estas características…
Outros textos bíblicos a serem comparados: Mt 4.1-11; Lc 4.1-13; Dt 8.1-2; Jo 13.2-27; Lc 22.3.53.
Para continuar o aprofundamento destes temas, pode-se consultar o índice temático da Bíblia de Estudo NTLH, o verbete: “Tentação”.
Perguntas para a leitura
  • Como começa o relato?
  • Quem conduz Jesus?
  • Para onde o conduz?
  • Quanto tempo Jesus permanece no deserto?
  • Com “quem” convive?
  • Que pretende fazer Satanás?
  • Descrevem-se as “armadilhas” de Satanás?
  • Quem “cuida” de Jesus?
  • O que faz Jesus depois da experiência do deserto? Para onde se dirige?
  • Que convite faz Jesus na Galileia?
  • Que implicações tem o voltar-se para Deus e acreditar na boa notícia?
  • Qual é o conteúdo da “boa notícia”?

2 – MEDITAÇÃO

O que me diz? O que nos diz?
Perguntas para a meditação
  • Deixo-me conduzir pelo Espírito de Deus?• Aonde me leva hoje o Espírito de Deus?
  • O que implica, para mim, o deserto?• Que tipos de “deserto” experimento em minha vida hoje? Que desertos vivi no passado? Que desertos posso vislumbrar em meu futuro?
  • Como reajo perante a realidade do deserto?
  • Quais são minhas tentações hoje? Quais sãos as armadilhas de Satanás para afastar-me do caminho?
  • Confundo tentação e pecado? Onde está a diferença?
  • Confundo tentação de Satanás com provação de Deus? Qual é a diferença?
  • Escuto Jesus, que neste começo da Quaresma de 2012 me anuncia uma vez mais “a boa nova do Reino”?
  • Que implica, para mim, hoje, voltar-me para Deus e converter-me de coração?• Creio realmente na boa notícia de Jesus?

3 – ORAÇÃO

O que lhe digo? O que lhe dizemos?
Para iluminar as respostas da oração, proponho-lhe um texto de Santo Agostino que comenta as tentações de Jesus, aplicando-as à vida dos discípulos:
Com efeito, nossa vida, enquanto somos peregrinos neste mundo, não pode estar livre de tentações, pois é através delas que se realiza nosso progresso e ninguém pode conhecer-se a si mesmo sem ter sido tentado. Ninguém pode vencer sem ter combatido, nem pode combater se não tiver inimigo e tentações…Portanto, o Senhor nos representou em sua pessoa quando quis ser tentado por Satanás. Líamos há pouco no Evangelho que nosso Senhor Jesus Cristo foi tentado pelo demônio no deserto. De fato, Cristo foi tentado pelo demônio. Mas em Cristo também tu eras tentado, porque ele assumiu a tua condição humana, para te dar a sua salvação; assumiu a tua morte, para te dar a sua vida; assumiu os teus ultrajes, para te dar a sua glória; por conseguinte, assumiu as tuas tentações, para te dar a sua vitória.Se nele fomos tentados, nele também vencemos o demônio. Consideras que o Cristo foi tentado e não consideras que ele venceu? Reconhece-te nele em sua tentação, reconhece-te nele em sua vitória. O Senhor poderia impedir o demônio de aproximar-se dele; mas, se não fosse tentado, não te daria o exemplo de como vencer a tentação.Dos Comentários sobre os Salmos, de Santo Agostinho, bispo (Sl 60,2-3)
As reflexões de Santo Agostinho ajudam-nos a “conectar” vitalmente as tentações do Senhor às tentações de nossa vida cotidiana. Contudo, o acento não é posto na tentação, mas na vitória de Cristo sobre os ardis de Satanás. Esta vitória é garantia e segurança que vem de Deus para nós, em nossa lua contra o mal e contra o pecado.

4 – CONTEMPLAÇÃO

Como interiorizo a mensagem? Como interiorizamos a mensagem?
Para interiorizar a mensagem, pode-se contemplar a imagem do “deserto” na realidade de nossa vida, assumindo o compromisso de “vencer” a tentação com a graça de Deus em nossos corações.Proponho-lhe repetir algumas frases desta maneira:• No deserto de meus medos, quero, com tua graça, vencer a tentação…• No deserto do desalento, quero, com tua graça, vencer a tentação…• No deserto do da falta de esperança, quero, com tua graça, vencer a tentação…• No deserto de…• No deserto de…

5 – AÇÃO

A que me comprometo? A que nos comprometemos?
Propostas pessoais
  • Analisar as três possíveis tentações mais tangíveis de minha vida hoje.
  • Realizar um propósito real, concreto e verificável de crescimento espiritual no começo desta Quaresma, rechaçando a tentação com a graça do Senhor.
Propostas comunitárias
  • • Refletir em grupo sobre o sentido da Quaresma como caminho de preparação para a celebração da Páscoa de Jesus.
  • Dialogar em seu ambiente juvenil para detectar as “tentações” mais habituais dos jovens, tentando descobrir as causas e pensando nos possíveis caminhos de solução para superá-las.

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