sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Lectio Divina, Domingo, 19 de fevereiro de 2012, 7º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim Gl 2,20

TEXTO BÍBLICO: Marcos 2.1-12

A cura de um paralítico em Cafarnaum
1Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa.
2Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra.
3Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro homens.
4E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente.
5Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados. c
6Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração:
7Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?
8E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?
9Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?
10Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados — disse ao paralítico:
11Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
12Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!
Nova Tradução na Linguagem de Hoje (NTLH)

1. LEITURA

Que diz o texto?
Pistas para leitura
Queridos lectionautas:
O texto evangélico deste Domingo apresenta-nos Jesus de regresso a Cafarnaum. Volta a seu “centro missionário” a fim de realizar novamente uma cura. É interessante observar a “popularidade” que o Senhor vai conquistando entre as pessoas. São tantos os que a ele recorrem que não sobra lugar disponível nem na casa nem defronte à casa. Jesus continua com sua tarefa de anunciar a todos os homens a boa nova.
Em meio ao ensinamento do Mestre, um paralítico é trazido por quatro pessoas e, para poder aproximá-lo de Jesus, fazem um buraco no teto e por ali descem-no deitado em sua enxerga.
No v. 5, aparecem dois detalhes interessantes que vão marcar o núcleo de todo o relato:
  • Em primeiro lugar, Jesus percebe a “grande confiança” (literalmente a fé) “daqueles homens” (não se diz explicitamente, mas podemos pressupor que se refere aos quatro “padioleiros” e ao homem enfermo também).
  • Em segundo lugar, diz ao paralítico que seus pecados estão perdoados quando, na realidade, ninguém disse que o enfermo necessitava de perdão. Jesus o chama “amigo” (literalmente “filho”; levar em conta que esta denominação ao enfermo já indica a divindade de Jesus, visto que é uma alocução própria de Deus ao homem).
Nos vv. 6-7, aparece a reação dos mestres da lei, que “pensam” (não dizem nada, porém) que Jesus está cometendo uma blasfêmia, uma vez que somente Deus pode perdoar os pecados. E isto está absolutamente certo…
Jesus, em um gesto soberano e divino (somente Deus conhece os pensamentos dos homens), desnuda as elucubrações dos mestres da lei e se posiciona com autoridade, deixando claro que ele tem autoridade aqui na terra para perdoar os pecados (v. 10). Esta é a afirmação central de todo o relato. Notemos que Jesus se autodenomina “Filho do Homem”, um título cristológico que já expressa, por si, a divindade de Jesus.
Jesus dirige-se de novo ao paralítico, ratificando seu agir, mas fazendo-o com novas palavras: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa”. O enfermo é curado à vista de todos os presentes. Todos ficam admirados e louvam a Deus pelo que viram e ouviram.
O relato termina com a admiração e o louvor, mas aparecem também as primeiras reações adversas. Pela primeira vez, Jesus é acusado de “blasfêmia” (v. 7); esta acusação reaparecerá no final da vida terrena de Cristo, quando comparecer perante o Sinédrio (cf. Mc 14,62-64).
Neste texto, Jesus centra sua missão no mais importante que ela traz: vencer o pecado com o perdão. A cura exterior da enfermidade do paralítico é como um sacramento claro e revelador da cura interna deste enfermo. O centro da passagem é o perdão dos pecados; seu sinal é a cura do paralítico. O mal mais horrendo não está na enfermidade em si, mas no pecado que danifica e destrói o coração do homem.
A “grande” boa notícia que nos faz saborear este evangelho é que Jesus é Deus e tem o poder de perdoar os pecados não somente no “céu”, mas aqui na terra.
Para levar em conta: A maioria das casas, na Palestina, tinha teto plano. A escada, normalmente, era construída em um dos lados da casa e permitia fácil acesso ao teto, que era construído com vigas e tábuas cobertas com um composto de barro. O teto, de fato, era uma espécie de terraço ou telhado plano. Assim se entende bem a “movimentação” que se vê no Evangelho deste Domingo.
Outros textos bíblicos a serem comparados: Mt 9.1-8; Lc 5.17-26. Também Mt 6.12; Lc 1.77; At 2.38.
Para continuar o aprofundamento destes temas, pode-se consultar o índice temático da Bíblia de Estudo NTLH, os verbetes: Perdão e Perdoar.
Perguntas para a leitura
  • O que faz Jesus depois de vários dias? Para onde regressa?
  • O que acontece quando as pessoas do povoado se inteiram de que Jesus está em casa?
  • O que Jesus lhes anuncia?
  • Quem traz o paralítico?
  • Como o aproximam de Jesus?
  • O que Jesus percebe nesses homens?
  • O que diz, pois, ao paralítico?
  • Quem pensam os mestres da lei?
  • Por que pensam que é blasfemo o fato de Jesus perdoar pecados?
  • O que lhes diz Jesus?
  • O que implica que Jesus diga ao paralítico: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa”?
  • O que faz o enfermo que recebe a ordem de Jesus?
  • Como reagem os presentes? O que dizem?

2 – MEDITAÇÃO

O que me diz? O que nos diz?
Perguntas para a meditação
  • Animo-me a fazer parte das “pessoas” que querem estar perto de Jesus?
  • Aproximo-me de sua “casa”, a Igreja?
  • Quais são as “boas novas” que hoje Jesus está anunciando a mim?
  • Tenho a atitude “missionária” destas quatro pessoas que levam o enfermo até Jesus?
  • A quem “já levei”, mais ou menos “enfermo”, para que se encontre com o Senhor?
  • Tenho uma fé-confiança em Jesus tão grande quanto a destas quatro pessoas e do paralítico?
  • Deixo-me perdoar por Jesus?
  • Faz quanto tempo que não me aproximo do Sacramento da Reconciliação?
  • Alegro-me com o bem que Deus faz em meus irmãos, ou tenho atitudes legalistas, como a dos mestres da lei, a fim de justificar minha falta de autenticidade?
  • Que experiências tenho tido do poder curador de Jesus em minha vida?
  • Tenho experimentado em minha vida o perdão de Deus? Como tenho vivido, o que mudou em mim?
  • “Admiro-me” do poder de Deus, que faz com que triunfem o bem, a verdade e  a vida, apesar dos sinais de mote que ainda percebemos em nosso transitar histórico?
  • Sou capaz de louvar o Senhor?

3 – ORAÇÃO

O que lhe digo? O que lhe dizemos?
Para propiciar a oração, oferecemos-lhe dois números do Catecismo da Igreja Católica que iluminam muito bem o tema central do texto evangélico deste Domingo:
Só Deus perdoa os pecados
1441. Só Deus perdoa os pecados. Por ser o Filho de Deus, Jesus diz de si mesmo: "O Filho do homem tem poder de perdoar pecados na terra" (Mc 2,10) e exerce esse poder divino: "Teus pecados estão perdoados!" (Mc 2,5). Mais ainda: em virtude de sua autoridade divina, transmite esse poder aos homens para que o exerçam em seu nome.
1442. A vontade de Cristo é que toda a sua Igreja seja, na oração, em sua vida e em sua ação, o sinal e instrumento do perdão e da reconciliação que "ele nos conquistou ao preço de seu sangue". Mas confiou o exercício do poder de absolvição ao ministério apostólico, encarregado do "ministério da reconciliação" (2Cor 5,18). O apóstolo é enviado "em nome de Cristo", e "é o próprio Deus" que, por meio dele, exorta e suplica: "Reconciliai-vos com Deus" (2Cor 5,20).
O nº 1441 cita nosso texto em duas partes. Ademais, no nº 1442, reflete-se sobre o poder sacramental da Igreja, conferido por Jesus para o serviço dos homens.

4 – CONTEMPLAÇÃO

Como interiorizo a mensagem? Como interiorizamos a mensagem?
Para poder guardar no coração a Lectio Divina deste Domingo, proponho-lhe examinar serenamente sua vida, pondo a descoberto seus pecados diante do olhar misericordioso do Senhor.
Cada vez que você “detectar” uma falta, anime-se a escutar a palavra de Jesus como dita diretamente a seu coração: “Amigo/filho, perdoo teus pecados”.

5 – AÇÃO

A que me comprometo? A que nos comprometemos?
Propostas pessoais
  • Fazer um sereno exame de consciência, revisando as faltas e pecados que pode haver em seu coração.
  • Buscar crescer na fé-confiança no poder de Deus para “curar” inclusive as enfermidades espirituais mais sérias de nosso mundo atual.
Propostas comunitárias
  • Buscar espaços de perdão e de reconciliação no âmbito de seu grupo e de sua família. Para além das tensões e dificuldades do passado, recordar que Deus, com seu poder, pode dar sua graça para o perdão em todas as circunstâncias se há verdadeiro arrependimento.
  • Pensar em estratégias concretas para ser “padioleiros” de outros jovens “enfermos”, que necessitam aproximar-se de Jesus para que ele os cure.

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