sábado, 11 de fevereiro de 2012

QUEM É JESUS CRISTO?



Quem dizem os homem que eu sou? Esta pergunta decisiva que foi feita por Jesus aos seus discípulos tornou-se, talvez, a primeira oportunidade para uma afirmação cristológica : “Tu és o Cristo”. Essa afirmação saída da boca de Pedro pode ter sido também uma preparação para a fé que desembocaria na Páscoa. Ela coincide ainda com o conteúdo querigmático da Igreja primitiva que diz assim: “que toda casa de Israel saiba com certeza: esse Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo”. Jesus, Senhor e Cristo, três títulos que constituem o núcleo da fé da Igreja cristã. Foi a partir daí que nasceu a confissão de fé “Jesus é o Cristo” e mais tarde o nome Jesus Cristo.

A grandeza e o significado desse nome, a sua pessoa, vida, morte e ressurreição, tudo isso é tão central para o mistério cristão que podemos afirmar: “o cristianismo é Cristo”. Não é só uma identificação da religião com o fundador; é, antes de tudo, a certeza de que a pessoa e a obra de Jesus constituem a fonte, o centro e o fim, o alfa e o ômega de tudo o que o cristianismo significa e anuncia ao mundo. Por essa razão a teologia cristã é cristocêntrica, pois é Cristo que oferece a chave interpretativa, o princípio hermenêutico. Por ele se aprende e descobre-se quem é Deus, quem são os homens, qual sua origem e destino, qual o significado e o valor do mundo e da história e qual o papel da Igreja no mundo.

No centro do Mistério cristão está uma pessoa: Jesus Cristo. Por seu ser e por seu rosto humano, entramos em contato com Deus, porque em sua pessoa a divindade e a humanidade se unem indissoluvelmente. Ele é o ‘mediador’ no qual as duas extremidades estão juntas de modo irrevogável e inefável, pois é, pessoalmente, uma e outra. Ele revela o Pai, mas não exaure o seu Mistério. Como diz João, ele é o caminho para o Pai. Nele encontramos um paradoxo: de um lado, encontramos Deus no homem Jesus – “aquele que me viu, viu o Pai” – do outro, o Pai permanece além do próprio Jesus – “ninguém jamais viu a Deus”. Ele é o Filho encarnado, o interprete do Pai. Nele o Pai é revelado e manifestado, permanecendo invisível, ininteligível e seu mistério continua impenetrável e escondido. Mesmo que o Filho tenha descortinado esse mistério, a sua revelação não o esgotou: o Deus revelado em Jesus permanece o Deus escondido. Afinal, Jesus é o mediador que não toma o lugar do Pai, nem o substitui. Ele tem consciência de que é Filho e, por ele, somos conduzidos ao Pai.

Se Jesus ocupa esse lugar, foi o próprio Deus que assim o quis. Ele é a via por onde Deus vem ao homem e este vai a Deus. Nele Deus se revela e o homem pode vê-lo. Disso resulta que é também em Jesus Cristo que o homem chega a se conhecer plena e verdadeiramente. Como diz a Gaudium et spes, o mistério do homem se torna claro, verdadeiramente, no mistério do Verbo encarnado. Cristo manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe revela sua altíssima vocação. Nele, o homem descobre que é mais que homem: é um ser aberto ao divino e até pode sê-lo, por participação. Ele é convidado a transcender a si mesmo, não sozinho, pois não consegue, mas em Jesus Cristo. Nele o homem transcende a si mesmo até Deus. Pelos mistérios da encarnação, vida, paixão, morte, ressurreição e ascensão, Jesus uniu-se a todos os homens, indistintamente: se fez homem, para elevar o homem à estatura divina, sem negar a humanidade. É por isso que nele o homem encontra a sua plena realização.

Goiânia, agosto de 2011.
Fonte: http://mariocsj.blogspot.com/

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